terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Toalha e bacia

Jesus, sabendo que o Pai lhe entregara tudo nas mãos, e que viera de Deus e para Deus voltava, levantou-se da ceia, tirou o manto e, tomando uma toalha, cingiu-se.
Depois deitou água na bacia e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.
Ora, depois de lhes ter lavado os pés, tomou o manto, tornou a reclinar-se à mesa e perguntou-lhes: Entendeis o que vos tenho feito? (cf. Jo 13.3-5,12).
Ah... Então Jesus usou uma toalha e uma bacia para servir?
Sim, sim.
Não ordenou que alguém lhe lavasse os pés?
Não, não.
Ele lavou os pés alheios?
Sim, sim.
E cobrou algo por isso?
Não, não.
Nada mesmo?
Não, não.
Nem uma ofertinha?
Não, não. Nem uma ofertinha.
Nem um votinho?
Não, não.
Fez tudo de graça?
Sim, sim.
E perguntou se eles entenderam a mensagem?
Sim, isso mesmo.
Ah... Então tá né...
Esse Jesus...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Jesus dizimista

Dízimo é justiça social.

Pelo menos é o que entendemos quando Jesus cita o termo dízimo e quando não cita.

Quando Ele cita, na verdade, Ele não queria citar:
"Ai de vocês, mestres da lei, e fariseus hipócritas! Vocês dão o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas têm negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça (social), a misericórdia e a fidelidade (fé em Deus). Vocês devem praticar estas coisas, sem omitir aquelas" (Mt 23.23).

Perceba que o pensamento principal não é o dízimo, mas sim os preceitos mais importantes da lei: justiça, misericórdia e fé.

Ainda que acéfalos se submetam como marionetes aos dominadores, para Jesus, o principal mesmo é a Graça.

Em outro texto, Jesus cita o dízimo, ou melhor, a justiça social, sem citar o termo dízimo:
"Quando você der um banquete ou jantar, não convide seus amigos, irmãos ou parentes, nem seus vizinhos ricos; se o fizer, eles poderão também, por sua vez, convidá-lo, e assim você será recompensado. Mas quando der um banquete convide os pobres, os aleijados, os mancos e os cegos. Feliz será você, porque estes não têm como retribuir. A sua recompensa virá na ressurreição dos justos" (Lc 14.12-14).

No melhor entendimento da relação dentro do dízimo da lei de Moisés, Jesus faz uma analogia ao mandamento:
"E nunca se esqueçam dos levitas que vivem em suas cidades, pois eles não possuem propriedade nem herança próprias. Ao final de cada três anos, tragam todos os dízimos da colheita do terceiro ano e armazene-os em sua própria cidade, para que os levitas, que não possuem propriedade nem herança, e os estrangeiros, os órfãos e as viúvas que vivem na sua cidade venham comer e saciar-se, e para que o Senhor, o seu Deus, o abençoe em todo o trabalho das suas mãos" (Dt 14.27-29).

Ah... Amar ao próximo como a si mesmo?

Sim, sim.

Então, não tem nada de maldição?

Não, não. Pelo menos para Jesus não, ou, quem sabe Jesus tenha esquecido este pequeno detalhe dos gafanhotos devoradores...

Ah...Então tá né...

Esse Jesus....

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Rortasfísontê

χορτασθήσονται

“Abençoados os que têm fome e sede de justiça, pois serão fartos” (Mt 5.6).

Outro termo que nos costuma enganar. Seremos fartos de justiça?

A minha justiça poderia culminar com a injustiça de alguém e ainda assim ser lícita?

Será que nossa percepção de justiça está mais voltada ao julgamento ou a igualdade?

Será que eu teria de tirar algo de alguém para ter minha parte?

Ou seria justo se todos tivessem o suficiente?

Ainda que uns com um pouco mais e outros com um pouco menos, porém com o equilíbrio como regra de razão?

Pois o termo grego utilizado para ser farto de justiça é rortasfísontê, ou chortasthísontai (χορτασθήσονται), e significa: ser preenchido, ser cheio.

Ou seja, não ter falta. Como no salmo onde diz que a ovelha não terá falta de nada, já que o Senhor é o Pastor (cf. Sl 23.1).

Não faltará porque a justiça do Senhor é plena. O termo retrata confiança.

Confiança perdida no Éden após a queda humana.


Esse é o desejo do Deus que morre e ressuscita.


Graça - Livro 5